sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Sunset

O sol se despede de nós mais uma vez. Em vez de uma mão acenando para nós como forma de dizer "até amanhã", o que aparece é um laranja avermelhado de ferida quente, recém adquirida, de quem parte machucado sem querer ir embora. Durante a tarde enxergamos a beleza de nossa estrela guia sem saber se ela volta no outro dia. Apenas olhamos, desatentos, descuidados, torcendo para que retorne no manhã seguinte com seu sorriso que nos ilumina e seu afago que nos aquece. A luz que se esconde nos ensina que a cada dia que passa o nosso próprio entardecer se aproxima. É aquele sentimento estranho que uma vela acesa sente quando vê uma amiga se apagar. É a árvore que assiste de perto o raio estraçalhar um vizinho. É na dor que nos sentimos mais vivos. Percebemos que a vida é um suspiro, que pode ser de saudades, de admiração, de tristeza ou de açúcar.
O tapa na cara nos faz enxergar melhor. Situe-se, já! Preste atenção ou será tarde. Alias, já é tarde. Não espere anoitecer para sair de casa, da sua concha, do seu casulo. O sorriso da Monalisa é o que a vida representa para nós. Enigmática, sem início nem fim determinado, só cabendo a nós moldá-la de acordo com o que desejamos a ela, como massinha de modelar na mão da criança. Cada amanhecer é uma vitória e um desafio ao mesmo tempo. É nos dado o direito de errar por mais um dia. O que é a vida senão errar? O medo de errar é o maior limitador do homem. Seu maior censor, castrador e ladrão. O inimigo público número um tem várias identidades. É conhecido como vergonha, inveja, egoísmo. A mordaça do homem é colocada por ele mesmo.
A perda pode ser ganho se enxergarmos a vida de maneira mais plena. A alma que nos deixa fisicamente é incorporada em nós. Em cada um, fica um pedaço, uma porção das várias memórias boas que não foram deixadas, mas sim somadas a cada um. É através das memórias e das experiências juntos que nos elevamos, que aprendemos e crescemos como indivíduos. Não devemos lamentar se uma pessoa nos deixa, pois isso só acontece quando se é esquecido. A verdadeira morte está aí. Carregamos conosco a vivência de seres de luz que nos ensinaram coisas que não se aprende com pai, com mãe, e nem na escola. Aprendemos a viver. A dor é a lição mais valiosa. Nos marca, trinca o cristal mais lindo e o transforma num diamante. Chorar é normal. O choro sincero é a maior demonstração de pureza do ser. As lágrimas dizem a nós mesmos que ainda somos crianças e que aprender a caminhar é doloroso em qualquer parte da vida, só que os tombos vão ficando maiores.
Sentimento de falta não existe. Quem se vai se torna parte de nós, como já disse. Caso precise de conforto, feche os olhos e veja o sorriso de quem se gosta, que agora se encontra dentro de você. O sol apenas se escondeu, ele ainda está ali. Por mais assustadora que a noite pareça, é dia em algum lugar do mundo, do meu mundo. Feche os olhos e sinta o sol. Sinta-se vivo e então levante-se e continue a caminhar. Bom dia.












Bárbara, te amo. Você sempre estará aqui dentro.

3 comentários:

Carol disse...

Dani, mto linda a mensagem.
Bárbara esta sempre em meus pensamentos, digo que ela me faz falta por nao te-la por perto, mas sei que ela esta olhando por nós e se preocupando conosoco como sempre fazia. De alguma forma sei que ela nao se foi, pois esta viva em nossos corações...

maria goretti reich disse...

meu filho, que texto lindo! comovente! palavras não definiriam o respeito e orgulho imensuráveis que tenho por vc.

Gabriel Carvalho disse...

Na boa Jim!! Seu melhor texto, no meu humilde ver!! Cheguei a me arrepiar e ficar engasgado cara!!
Muito bom, muito bom mesmo irmão!! Não pare com este talento que você tem!!!